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Como exercícios podem prevenir o mal de Alzheimer

Geral

04.05.2016

Um grande estudo realizado recentemente comprovou que exercícios físicos podem evitar a manifestação do Mal de Alzheimer, mesmo dentre as pessoas que possuem predisposição genética. Segundo os testes, exercícios físicos manteriam a saúde cerebral, sobretudo se realizados em conjunto com boas práticas alimentares e outras intervenções não-medicamentosas.
O gene responsável pelo aumento do risco de Alzheimer na velhice é chamado de APOE-e4. Cerca de 40% dos pacientes são portadores desse gene, mas o estudo comprova que é possível mantê-lo inativado com algumas medidas preventivas, como a prática regular de exercícios físicos, por exemplo. O gene aumenta o risco de uma pessoa desenvolver a doença em até dez vezes, mas pode ser mantido inativo em alguns casos.

Segundo a revista Time, o revolucionário estudo foi apresentado durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer americana, e mostrou que, após apenas dois anos, as pessoas que realizaram mudanças em seu estilo de vida mostraram melhoras em suas funções cerebrais, incluindo na memória, área bastante afetada no caso dos pacientes de Alzheimer. Isso por causa do encolhimento do hipocampo, região do cérebro ligada à memória. O encolhimento do hipocampo é natural durante a velhice, mas é agravado no caso de quem tem a doença.
A médica sueca Miia Kivipelto realizou um estudo com 1.260 indivíduos idosos com um alto risco de desenvolver Alzheimer, interessada em saber até que ponto alguns comportamentos, como a prática de realizar exercícios físicos, a adoção de uma dieta saudável, assim como ser mais socialmente ativo, levava à uma maior saúde cognitiva, ao melhor controle motor e a uma memória mais confiável, reduzindo a probabilidade do surgimento da demência.
“Ficamos surpresos ao ver uma clara diferença já depois de dois anos. Achamos que dois anos não seriam suficientes, mas abordar várias áreas da vida ao mesmo tempo parece ser uma maneira eficaz de fazer algo para proteger a memória”, afirma.
Todos os participantes do estudo apresentavam algum fator de risco para o desenvolvimento de demência. Metade deles foram selecionados ao acaso para passar por profundas mudanças de estilo de vida, com aconselhamento nutricional individual e em grupo, acompanhamento de um treinador físico, de uma enfermeira ou médico para assegurar que estavam tomando seus remédios e – muito importante – também se beneficiaram com o apoio social de um grupo. A outra metade dos participantes do estudo recebeu apenas o acompanhamento médico padrão.
“Após apenas dois anos, o grupo que passou pelas mudanças no estilo de vida estava muito mais em forma”, explica a revista Time.
A equipe de pesquisadores planeja acompanhar os participantes do estudo pelos próximos sete anos, para ver se os efeitos positivos das mudanças permanecem. Como continuar a seguir um estilo de vida como o proposto pelo programa é difícil, os pesquisadores afirmam que o apoio social é importante. “Nesse estudo, por exemplo, se participantes perdiam sessões de exercícios, outros telefonavam para descobrir por que, cimentando um pacto para aderir aos novos comportamentos”, ainda segundo a revista.
A pesquisa também mostrou que os benefícios podem ser percebidos antes da doença se manifestar.
“Essas descobertas mostram que a prevenção é possível, e que pode ser bom começar cedo. Com tantos testes negativos para drogas para Alzheimer publicados recentemente, é bom que possamos talvez ter algo que qualquer pessoa pode fazer agora para diminuir os riscos”, explicou a Drª Kivipelto.
Outras estratégias
Jogos e atividades para o cérebro, como o quebra-cabeças matemático Sudoku, também estão sendo estudados como maneiras de prevenir a demência. Pesquisadores também investigam como certos problemas de saúde, como colesterol alto, pressão alta e diabetes influenciam no aparecimento dos sintomas.
Segundo o site do Instituto Nacional sobre o Envelhecimento (NIA) americano, resultados de pesquisas médicas são noticiados todos os dias, aumentando as esperanças por curas para doenças devastadoras, e é preciso cautela para não se deixar levar por resultados inconclusivos. “Pode ser difícil saber o que pensar sobre os resultados desses estudos. Conhecer o tipo de estudo e como foi conduzido pode ajudar a colocar os resultados em perspectiva”, explica o site. Mas o Instituto também se mostra otimista sobre os resultados positivos de um bom programa de exercícios.
O NIA explica que os exercícios físicos oferecem a vantagem de aumentar o número de vasos sanguíneos que abastecem o cérebro com sangue e o número de conexões entre as células nervosas em ratos mais velhos. Além disso, também aumentaria o nível de uma proteína essencial para o crescimento das células cerebrais e para a saúde mental.
“Pesquisadores também demonstraram que os exercícios podem estimular a habilidade do cérebro humano de manter antigas conexões nervosas e criar novas, vitais para uma cognição saudável”, explica a NIA.
Os estudos demonstraram também que a dieta tem um papel importante nesse cenário. Pessoas que se alimentam com muitos vegetais folhosos verde-escuros, como a couve e o espinafre, e de vegetais crucíferos, como o brócolis, têm uma taxa reduzida de declínio mental.
Por outro lado, alguns alimentos podem contribuir para a demência e para a degeneração da saúde como um todo, como as gorduras saturadas (encontradas em frituras, por exemplo), e carboidratos refinados (açúcar branco, farinha de trigo branca…).
No âmbito de vitaminas e suplementos, uma substância chamada resveratrol tem sido apontada como benéfica para prevenir a demência. Trata-se de um composto que pode ser encontrado em uvas roxas, e que aparentemente tem a capacidade de proteger o cérebro. Algumas pesquisas realizadas em animais indicam que o resveratrol pode diminuir os depósitos de beta-amilóides no cérebro. Também parece afetar os processos biológicos de doenças relacionadas ao envelhecimento, incluindo o mal de Alzheimer.
Males relacionados ao envelhecimento e outras doenças, como as vasculares, pressão alta, doenças cardíacas e diabetes tipo 2 também podem aumentar o risco de Alzheimer e demência.
Mantenha seu cérebro saudável
Depois da aposentadoria, é comum que o cérebro passe a ter um declínio em suas atividades, por isso, é fundamental que a pessoa continue buscando maneiras de manter-se socialmente ativo, e que adote práticas estimulantes – como a prática de esportes ou de um hobby. Continuar a trabalhar mesmo depois da aposentadoria, realizando um trabalho prazeroso, também podem ajudá-lo a permanecer saudável e a diminuir o risco do surgimento do mal de Alzheimer.
Uma excelente opção é começar um trabalho como voluntário, seja na igreja, seja em organizações filantrópicas na sua vizinhança. “Atividades mentalmente estimulantes, como ler livros e revistas, ir a palestras e museus e realizar jogos também estão sendo apontadas como maneiras de manter o cérebro em forma”, segundo o NIA.
As razões da aparente relação entre o engajamento social ou estímulo intelectual e o risco da pessoa desenvolver Alzheimer ainda não são claros, mas estas são algumas possibilidades:
– Tais atividades podem proteger o cérebro, estabelecendo uma “reserva cognitiva” – a habilidade do cérebro de operar mesmo quando está danificado ou se alguma função cerebral estiver comprometida.
– Essas atividades podem ajudar o cérebro a se tornar mais adaptável em algumas funções mentais, de maneira que possa compensar o declínio em outras funções.
– As pessoas que realizam essas atividades podem ter outros fatores relacionados ao seu estilo de vida que os protegem contra o mal de Alzheimer.
– Menos engajamento com outras pessoas ou falta de atividades intelectualmente estimulantes podem ser o resultado de sintomas muito precoces de Alzheimer, ao invés de sua causa. (Fonte: NIA)