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Mobilizações para Novembro Dourado começam na Câmara Municipal de Natal

Geral

31.10.2014

Os principais entraves para o diagnóstico precoce de câncer na fase jovem da vida são: a precariedade dos serviços de saúde e a desinformação dos profissionais
As principais entidades que lutam contra o câncer infantojuvenil no Rio Grande do Norte já começaram a reunir esforços para o Novembro Dourado. Durante os próximos trinta dias a sociedade será mobilizada em torno da importância do diagnóstico precoce dos cânceres que atacam crianças e adolescentes.

Já nesse final de Outubro Rosa – dedicado ao diagnóstico precoce do câncer de mama -, a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente promoveu na manhã desta quinta-feira (30), uma audiência pública sobre o mês dourado.

A campanha tem como proposta informar a população da necessidade do diagnóstico rápido. Ciente dessa forma de salvar os jovens, por sua vez, a sociedade pode cobrar das autoridades medidas que facilitem a identificação dessa doença e o início imediato do tratamento.

Os principais entraves para o diagnóstico precoce de câncer na fase jovem da vida são: a precariedade dos serviços de saúde e a desinformação dos profissionais. De acordo com a oncologista pediátrica da Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer Cassandra Teixeira Valle, as chances de cura de crianças e adolescentes é muito maior do que em pacientes em outras fases da vida.

Conforme a médica, o percentual de possibilidade de cura varia de acordo com o tipo de câncer. Como o câncer se caracteriza pela multiplicação de células de forma anormal, as substâncias de combate à doença (quimioterapia) são preparadas exatamente para atacar esse crescimento do número de células. Nas crianças e adolescentes, esse processo é mais acelerado do que em qualquer outra faixa de idade. E exatamente por isso o tratamento é mais eficaz segundo a oncologista pediátrica da Liga.

Por outro lado, é essa mesma multiplicação mais rápida das células que exige uma ação rápida de diagnóstico e tratamento da doença. De acordo com o presidente da Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, Rilder Medeiros, a maioria dos pacientes da Instituição chegam em Natal com a doença avançada porque não tiveram uma assistência eficaz na sua cidade de origem. “80% que vem do interior e quase sempre com diagnóstico tardio”, observou.

Conforme a médica da Liga, por muito tempo os currículos do curso básico de medicina não contavam com uma cadeira específica para oncologia. Ao lado desse problema ainda estão a falta de pediatras e todas as deficiências do Sistema Único de Saúde, potencializadas nas cidades menores. “Há a dificuldade de acesso à equipe médica e a gente sabe que existem muitas equipes de Saúde da Família sem médicos”, comentou Valle.

Portanto, quando uma paciente consegue chegar a um médico generalista, ele ainda tem que ter a sorte que o profissional tenha recebido uma formação adequada. Mesmo se o médico for rápido e preciso nos exames clínicos, os demais exames para confirmar a doença podem ser outra saga interminável para a criança ou adolescente. “Às vezes a gente pede uma tomografia e são de dois a três meses para ser realizado. Então, não basta só fazer a capacitação profissional porque eles [os médicos] têm muita dificuldade de encaminhamento do paciente para conseguir exames”, acrescentou Cassandra Valle.

No Rio Grande do Norte, por exemplo, as tomografias se concentram nas duas maiores cidades do Estado (Mossoró e Natal) segundo a médica. Os tipos mais comuns em crianças em adolescentes ainda são a leucemia (ataca o sangue) e o linfoma (atinge o sistema linfático, uma espécie de rede de dutos por onde circulam as células de defesa do corpo). Além da Casa Durval Paiva e Liga, representantes do Hospital Infantil Varela Santiago, Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC) também participaram da audiência pública na Câmara.

Fonte: O Jornal de Hoje