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Natal avança no monitoramento

Geral

21.05.2015

As autoridades em saúde pública são unânimes quanto à responsabilidade sobre prevenção da dengue: população tem que abraçar a causa junto com o poder público. Essa premissa não reduz a importância dos governos em adotar medidas padrão contra o mosquito, mas também inovar. Estratégias combinadas no monitoramento do comportamento do mosquito e o próprio extermínio dele podem fazer a diferença, principalmente depois de instalada a epidemia, como é o caso de Natal.

Na capital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem como principal medida inovadora realizar o “monitoramento entomológico”. Isso significa vigiar hábitos do mosquito, ou pelo menos um deles: a reprodução. Os agentes de endemias utilizam uma espécie de vaso de planta com capacidade para 500 ml de água para pegar os ovos fêmeas do Aedes aegypti.

Apesar de ter a capacidade de meio litro, os pequenos vasos plásticos são preenchidos de água até a metade. Dentro deles é colocada uma paleta porosa. Como o instrumento estará úmido por conta da água, a “mamãe” mosquito deverá depositar seus ovos, pois o ambiente serve de forma ideal de “berçário” da espécie.

Segundo o chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Natal, Alessandre de Medeiros, semanalmente os agentes realizam a coleta das paletas cheias de ovos e levam para análise em laboratório para contagem. Por vez, cada fêmea pode pôr 250 ovos. No entanto, a partir da análise laboratorial, já se verificou em uma só paleta 1.800 ovos. É o mesmo que uma maternidade de mosquitos superlotadas.

“Nesse período de uma semana, os ovos não conseguem eclodir. Então, além de ajudar na contagem do vetor, nós destruímos esses mosquitos. Em condições normais, cerca de 90% desses ovos podem se tornar mosquitos adultos”, disse Medeiros. Para não correr riscos, os agentes também colocam larvicida dentro da água das armadilhas.

Obviamente que essa ação sozinha não resolve muito a situação. Além disso, os carros e homens fumacê entram em campo para matar o mosquito adulto com o inseticida. “Antes de o fumacê entrar no bairro, o pessoal vai lá e instala a armadilha. Depois que o fumacê passa, ela é instalada de novo. Se tiver havido redução do número de ovos quando comparada a paleta de antes da ação para depois da ação com fumacê, então atingimos o êxito. Se não tiver havido, fazemos mais dois ciclos ou mais um ciclo de fumacê para reduzir”, explicou.

Portanto, o monitoramento do mosquito adulto é decisivo para se combater as populações de mosquitos com a intensidade necessária para cada área. “Esse acompanhamento subsidia a tomada de decisão, tendo em vista os locais onde eu possa ter alta incidência vetorial e alta incidência de casos humanos”, completou o chefe do CCZ/Natal. Para ele, essa é uma estratégia que racionaliza os recursos materiais e humanos. “Isso faz a gente economizar energia e recurso. Onde tem baixo risco de uma forma e onde tem alto risco de outra forma. Mas Natal tem uma distribuição vetorial importante em toda a cidade”, acrescentou Medeiros.

Pontos estratégicos
Por enquanto, essa estratégia de combate está em fase experimental apenas no Distrito Sul de Natal, o que menos cresceu em números de casos mesmo diante da epidemia. “O Distrito Sul que historicamente sempre foi o primeiro lugar ou o segundo, hoje é o último. Isso derivou diretamente dessas mudanças em algumas estratégias de ação que a gente experimentou lá”, avaliou Alessandre Medeiros.

As armadilhas estão em 126 pontos estratégicos, como imóveis, borracharias, sucatas, cemitérios e outros lugares com grande potencial de desenvolvimento do mosquito. Até final do segundo semestre deverá haver 479 em toda a cidade. Outra vantagem desse tipo de monitoramento é o baixo custo. Segundo Alessandre Medeiros, cada vasinho com a paleta exige o investimento de apenas R$ 3.

Curiosidades
Um mosquito fêmea pode pôr até 250 ovos por vez

90% dos ovos viram mosquitos adultos em condições adequadas para o seu desenvolvimento

O ciclo de vida do mosquito adulto é em torno de 45 dias

Uma fêmea pode pôr até 1.500 ovos durante toda a sua vida

Fonte: Centro de Controle de Zoonoses/Natal e Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz)

Reprodução: Tribuna do Norte