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No Brasil, só 20% têm acesso a atendimento de oftalmologia

Geral

31.03.2015

Apenas 20% da população brasileira tem acesso a atendimento médico de oftalmologia, sendo que a maior parte desse percentual corresponde a pacientes que possuem plano de saúde privado. Os dados são da Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia (SNNO) “A falta de atendimento nessa área está gerando um número muito elevado de cegos, principalmente pelo diabetes e glaucoma”, informa o presidente da SNNO, Carlos Alexandre Garcia, para quem o governo precisa atentar para sobre o custo social e econômico gerado por esta conjuntura. O assunto foi debatido durante o XXI Congresso Norte Nordeste de Oftalmologia, realizado em Natal entre os dias 26 e 28. Durante os três dias, especialistas de 16 estados brasileiros se reuniram para discutir os problemas do setor no Brasil e para compartilhar novos conhecimentos desta área médica. Entre as principais discussões está a deficiência de atendimento público de oftalmologia à população. De acordo com os especialistas, a demanda suprimida ocorre por carência de investimento em saúde nos âmbitos municipais, estaduais e federal. De acordo com o presidente da Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia, o número de profissionais da área é suficiente no Brasil, no entanto a população carente deixa de ser atendida por haver poucos oftalmologistas no setor público. “Faltam serviços de oftalmologia que façam o atendimento da população pobre. O número é suficiente para atender toda essa classe, mas os doentes não têm acesso porque os médicos não são contratados para tal nem há serviços disponíveis para atendimento”, afirma Garcia. No Rio Grande do Norte o cenário não é diferente do restante do país. Segundo o presidente da SNNO, o único hospital público que oferece atendimento da especialidade à população menos abastada é o Hospital Universitário Onofre Lopes. Embora o serviço seja elogiado pelos profissionais, a alta demanda inviabiliza o atendimento à totalidade da população potiguar. “Hoje o Rio Grande do Norte tem uma população de mais de três milhões de habitantes, então é impossível que esse hospital, isolado, dê conta do atendimento”, ressalta. Durante o congresso foi realizada uma reunião do Conselho Brasileiro de Oftalmologia para debater estratégias que serão levadas ao Ministério da Saúde para tentar melhorar a assistência à população e a capacitação médica da classe profissional. O encontro é realizado anualmente e tem como instituição organizadora a Sociedade de Oftalmologia do Norte Nordeste. Esse ano foi realizado no Hotel Sehrs, onde participaram 500 oftalmologistas, além de palestrantes internacionais e convidados da região Sul do Brasil. Essa foi a segunda vez que o congresso se realizou na capital potiguar; a primeira foi em 1986. De acordo com Carlos Alexandre Garcia, esse ano a organização solicitou aos palestrantes que trouxessem casos clínicos desafiadores para que seguissem discussões sobre diagnóstico e tratamento. “Hoje essa é a melhor maneira de ensino na medicina, porque aulas tradicionais você tem em livros, mas essa gera discussões entre os falantes e ouvintes; isso realmente foi um sucesso no congresso”, diz Carlos Alexandre Garcia. Glaucoma Principal causa de cegueira irreversível no mundo, o glaucoma foi uma das doenças mais debatidas no XXI Congresso realizado em Natal. A maior novidade é o uso, embora ainda em fase de estudo e aperfeiçoamento, de novos equipamentos que serão utilizados em um futuro próximo para o tratamento da enfermidade. “Melhorias no tratamento do glaucoma e de doenças inflamatórias oculares são as principais novidades trazidas para a comunidade oftalmológica da região. Os demais foram apresentações de situações clínicas e cirúrgicas”, afirma o presidente do congresso, Carlos Alexandre Garcia Filho. Ele acrescenta que “os estudos preliminares sobre essas novas técnicas têm se mostrado bastante eficazes, ainda que necessitem de uns dois ou três anos de estudo para serem utilizadas de forma comercial e aplicadas na prática mundialmente”. No entanto, Carlos Garcia Filho chama a atenção para a falta de atenção básica do setor público, o que ele considera a maior carência atualmente. O atendimento básico é importante para identificar precocemente doenças como glaucoma, catarata e outras doenças que podem causar cegueira. “Se eu diagnosticar em fase terminal que você tem glaucoma, o resultado vai ser péssimo, independente de você ter um tratamento a partir de agora, a perda é irreversível, não recupera. O tratamento é apenas para evitar perder mais visão”, disse o presidente do evento. A sugestão levantada pelo presidente do XXI Congresso no que concerne ao Rio Grande do Norte é que o poder público comece a terceirizar (no sentido de proporcionar um atendimento terciário) o atendimento. “Ou seja, contratar outros serviços para fazer o atendimento mais complexo, que hoje só é encontrado no Onofre Lopes”, sugere.
Reprodução: Novo Jornal